quarta-feira, 1 de outubro de 2014

ORIGEM E FUNDAÇÃO DE KETU

                                           CONTINUAÇÃO


Distante aproximadamente 80 km a leste de Abomé, um pouco acima do paralelo 7º 22’, no planalto de laterita, ladeado a leste por um pequeno barranco, ergue-se a cidade de Ketu, antiga capital do reino do mesmo nome, decaída hoje ao nível de mera sede de distrito.
Este distrito é atualmente limitado, ao norte, pelo paralelo 7º 38’, que passa, em princípio, pela confluência do rio Uemé com o rio Okpara, seu principal afluente na margem esquerda; ao sul, pelo paralelo 7º 08’, que passa pela pequena aldeia de Odo-Méta, situada na estrada Ketu- Pobé, a meio caminho entre estas duas cidades; a leste, o limite confunde-se com a fronteira Daomé-Nigéria, aproximadamente entre os postos,  nº 127 (ao norte) e nº 78 (ao sul); a oeste, um limite geográfico, o rio Uemé, substituiu recentemente (em 1947) uma linha de demarcação lingüística que separava as aldeias fons (a oeste) das aldeias iorubás, tendo sido Ewé, no entanto, incluído no território de Ketu. Esta linha, quase norte-sul, passava a menos de 2 quilômetros a oeste de Ketu.
Mas o antigo reino de Ketu ultrapassava amplamente estas fronteiras oriental e ocidental. A leste, alcançava o córrego Yewa e incluía Méko (Mekaw), assim como Ilara e Idofa; a oeste, estendia-se até o Uemé. 
     
"Próxima quinta-feira estarei trazendo mais uma parte da história do reino de Ketu". 

    



Postado: Iyá Kèkèrè Oyássy. 








segunda-feira, 29 de setembro de 2014

ÈSÚ DE RODA


                                                       FESTA DE ÈSÚ


A família do Ìlè àsé Òmí Ará Wá esteve presente na linda  festa de Èsú que ocorreu no último dia 20 de Setembro de 2014, festa do Èsú Gargalhada, (de Mãe Bete) e de Dona Sete Saias (de Ìyá Ykandayò), onde também marcou presença minha adorada Unjilà (Maria Padilha) . Parabéns as organizadoras, confiram as fotos.


                                                        (Ìyá Òmí N'Fá e Ìyá Ykandayò)
                                                 
                                     
                                                                      (Convidados)

                                                 (Ìyá Kèkèrè Oyássy e Ìyá Òmí N'Fá)

                                                                   (Èsú Gargalhada)

                                                                  (Dona Sete Saias)

                                                 (Dona Sete Saias e Dona Maria Padilha)

                                                               (Dona Maria Padilha)

SOBRE ÈSÚ

                               CONTINUAÇÃO

Na segunda-feira passada, começamos uma explanação sobre Èsú; não temos a pretensão de sermos profundos conhecedores sobre o assunto, apenas queremos passar um pouco do que temos aprendido nesses anos de àsé.


Èsú é um Òrisá de transformacão, ele se transforma de várias formas.

KOSI  ÈSÚ     -   Sem Èsú
KOSI ÒRISÁ  -   Sem Òrisá


ÈSÚ OTÁ ÒRISÁ  -  Esu a pedra fundamental do Òrisá
ÈSÚ OFI OKUTA DIPO YÓ - Esu transforma o sal em pedra.
Pode-se dizer que sem pedra, (Otá), não há Orisá.
A terra é o elemento mais importante a ser reverenciado e, em consequência disso, a pedra, é o fruto da condensação da terra.
Quando Òlodumàrè resolveu criar o mundo, e sua primeira criação foi a pedra primordial chamada por Ele de Èsú Yangí é cultuado até os dias de hoje em Ilè Ifé.

Assim, Yangi é o primeiro ser criado da existência e passa a ser o símbolo primal dos elementos criados.

Yangi é conhecido como Esu Agba, o Ancestral primordial, e seus assentamentos mais antigos e tradicionais; eram simples pedras de laterita vermelha, colocadas no chão, onde eram feitas suas oferendas e sacrifícios.

NONES E FUNÇÕES DE ÈSÚ

ÈSÚ YANGI - O primeiro da criação, a laterita vermelha

ÈSÚ AGBA - Aquele que é o ancestral

ÈSÚ IGBA KETA - O dono da cabaça, o igba odu

ÈSÚ OKOTO - O dono da evolução, o caracol

ÈSÚ OBASIN - O pai de todos os exus

ÈSÚ ODARA - O èsú da felicidade

ÈSÚ OJISE EBO - O èsú que leva as mensagens ao orisa

ÈSÚ ELERU - O èsú que leva o carrego dos iniciados

ÈSÚ ENUGBARIJO - O èsú que traz a prosperidade

ÈSÚ ELEGBARA - O èsú que detém o poder da transmutação

ÈSÚ BARA - O èsú dono do movimento do corpo humano

ÈSÚ OLÒNÒN - O dono de todos os caminhos

ÈSÚ OLOBÉ - O dono da faca ritual

ÈSÚ ELEBÓ - O èsú que recebe as oferendas

ÈSÚ ODUSÓ - O èsú que vigia os oráculos

ÈSÚ ELEPO - O èsú do azeite-de-dendê

ÈSÚ INÒN - O èsú do fogo ( saudado no Ìpadè).

Poder-se-ia fazer uma lista imensa dos nomes de Exus ancestrais cultuados no Brasil e na África, mas esse exercício é desnecessário no momento.

ÈSÚS E SEUS EPÍTETOS
Outra forma de se dirigir a Èsú, e que causa certa confusão, é quando seus acólitos a ele se dirigem por seus epítetos que, por serem mais comuns, transformaram-se erroneamente em nomes. Exemplos:

Èsú Tiriri
Èsú Akesan
Èsú Lode
Èsú Barabo
Esu Alaketu
Esu Ijelu
Esu Bara lajiki
Esu Marabo... etc.



Por.: Ìyá Òmí N'Fá

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

História do reino Ketu

HISTÓRIA DO REINO DE KETU      

                           CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA

DO MÉDIO DAOMÉ:


Eu, Iyá Kèkèrè Òyássy, venho contar um pouco da história e do surgimento do reino de Ketu, onde todas as quintas-feiras irei trazer uma parte da história da nossa nação.

Tendo como base meus conhecimentos dentro do Àsé e utilizando também de atuais fontes de complementação.  

                                   

                                       INTRODUÇÃO


O REINO IORUBÁ DE KETU* 

1) L’ancien royaume d’Abomey, de Le Hérissé, que contém rica, documentação etnográfica;

2) Dahomey, em dois volumes, do professor Melville Herskovits, em inglês, trabalho completo, verdadeira façanha, que mostra o que um etnógrafo de qualidade é capaz de fazer em sete meses de estada em Abomé;

3) The History of the Yoruba, pelo reverendo Samuel Johnson, antigo oficial da corte do alafin de Oió, trabalho do maior interesse, repleto de informações.

Le Hérissé fornece poucas informações sobre Ketu e sobre sua rivalidade com Abomé (páginas 332-333); S. Johnson detalha um pouco mais e nos dá, em particular, o relato de dois ataques dos daomeanos contra Abeokuta: o de 1851 e o de 1864.

Lendo atentamente seu trabalho, chega-se a formar uma idéia clara dos reinos iorubás: Oió, Ilorin, Abeokuta, Ifé, Ilesa, Ijebu, muito complicado, mas indispensável ao conhecimento da história dos reinos vizinhos do Daomé.

Foi depois de uma leitura aprofundada destas três obras capitais,
completada por úteis informações tiradas das mais diversas fontes – Snelgrave, Norris, Forbes, Burton, Skertchly, Bouche, entre os antigos e P. Hazoumé, J. Bertho, Bernard Maupoil, Simone Berbain, entre os contemporâneos – que decidi transformar o ensaio inicial sobre Ketu num estudo histórico abrangendo o Daomé central.

Por mais interessantes que fossem as fontes impressas, às quais acabo de fazer rápida alusão, importantes lacunas teriam permanecido e muitas questões teriam ficado sem resposta, se eu não tivesse podido conhecer as riquíssimas tradições locais.

No decorrer de minha longa estada no, Daomé, em numerosas cidades, tive a felicidade de poder recolher as principais tradições locais, piedosamente conservadas por alguns velhos que as, ouviram várias vezes de seus pais. 

Eles procuram transmiti-las oralmente a seus filhos, mas, infelizmente, a indiferença cresce dia a dia. 

Talvez fosse urgente fixar pela escrita tais tradições, o que poderia, sem dúvida, salvá-las do esquecimento. 

Felizmente, está surgindo uma nova geração africana
de intelectuais: médicos, professores, sacerdotes e pastores, que compreenderam que a história da civilização daomeana não remonta a 1892.2.



Próxima  quinta-feira irei trazer uma parte da história da nossa nação.

Postado: Iyá Kèkèrè Òyássy.

SOBRE ÈSÚ 



                                                         ÒRISÁ ÈSÚ


                                                                   --------------------



Para a cultura Yorùbá, Èsù é o mensageiro, aquele que olha tudo, que leva a Òlódùnmarè os pedidos, as tristezas, as alegrias e qualquer problema do ser humano e traz de volta a resposta em forma de benefício, àsé ou não.

Èsù é aquele que nos dá a pista de qual o caminho tomar, ele traduz a linguagem densa de nossa crosta terrestre para chegar no divino, gerando caminhos (Odù), portanto ele é a primeira semente geradora.

Èsú é a força viva das energias  que não podem ficar paradas, é o próprio movimento em si.

Èsú tem suas qualidades além de seus defeitos, pois é dinâmico e jovial, constituindo-se, assim em òrisá protetor.

Na África existem pessoas que usam orgulhosamente nomes como: Èsútosin (Èsú merece ser adorado) e Èsúbiyi (concebido por Èsú).

Como personagem histórico, Èsú teria sido um dos companheiros de Òdùdùwá quando de sua chegada em Ìfé, seu nome era òbássin.

Mais adiante, Èsú tornou-se assistente de Òrúnmilá o ser que é o dono da advinhação pelo sistema de Ifá.

No Brasil, dentre as variadas denominações recebidas por Èsú, figuram Èsú ònòn (guardião dos templos, das casas e das cidades), e também Èsú Àláketú (Èsú que supervisiona as atividades dos mercados e das cidades para o rei).

Por este motivo nada pode ser feito sem ele, deve-se tratar de Èsú antes de qualquer outro Òrisá, para ele devem ser levadas as primeiras oferendas.



Postado por: Ìyá òmí N'Fá


terça-feira, 16 de setembro de 2014

SOBRE ÌYÁMÍ - CONTINUAÇÃO

                                                      

                                                          O MITO E O TABÚ    


As mães são compreendidas  como a origem da humanidade e seu grande poder reside na decisão que toma sobre a vida de seus filhos. É a mãe que decide se o filho deve ou não nascer e, quando ele nasce, ainda decide se ele deve viver. 
A mulher, especialmente nas sociedades antigas, tinha inúmeros recursos para interromper uma gravidez. E, até os primeiros anos de vida, uma criança depende totalmente de sua mãe; se faltarem seus cuidados a criança não vinga. Em síntese, todo ser humano deve  a vida a uma mulher. Se todas as mulheres juntas decidissem não mais engravidar, a humanidade estaria fadada a desaparecer. Esse é o poder de Iyá Mi: mostrar que todas as mulheres juntas decidem sobre o destino dos homens.
Iyá Mi é a sacralização da figura materna, por isso seu culto é  envolvido por tantos tabus. Seu grande poder se deve ao fato de guardar o segredo da criação. Tudo que é redondo remete ao ventre, e, por conseqüência, as Iyá Mi. O poder das grandes mães é expresso entre os orixás por Òsún, Iyámònjá, Nanà Buruyku e Ìyansàn, mas o poder de Iyá Mi é manifesto em toda mulher, não por acaso. 
Para referir-se à elas sem correr nenhum risco, diga apenas Eleyé, Dona do Pássaro. 
As Yiá Mi são as senhoras da vida, mas o corolário fundamental da vida é a morte. Quando devidamente cultuadas, manifestam-se apenas em seu aspecto benfazejo, são o grande ventre que povoa o mundo. Não podem, porém, ser esquecidas; pois assim como o òrisá possuem  o lado òsí e òtun.
O lado bom de Iyá Mi é expresso em divindades de grande fundamento, como Apaoká, a dona da jaqueira, a verdadeira mãe de Oxóssi Dizem que o deus caçador encontrou mel aos pés da jaqueira e em torno  dessa árvore formou-se a cidade de Kêtu.

Elas são a  nítida representação do ventre. 
As Iyá Mi, juntamente com Exú e os ancestrais, são evocadas nos ritos de Ipadé, um complexo ritual que , entre outras coisas, ratifica a grande realidade do poder feminino na hierarquia do Candomblé, denotando que as grandes mães  detém os segredos do culto, pois um dia, quando deixarem a vida, integrarão o corpo das Iyá Mi, que são, na verdade, as mulheres ancestrais.

Postado por.: Ìyá Òmí N'fá