terça-feira, 16 de setembro de 2014

SOBRE ÌYÁMÍ - CONTINUAÇÃO

                                                      

                                                          O MITO E O TABÚ    


As mães são compreendidas  como a origem da humanidade e seu grande poder reside na decisão que toma sobre a vida de seus filhos. É a mãe que decide se o filho deve ou não nascer e, quando ele nasce, ainda decide se ele deve viver. 
A mulher, especialmente nas sociedades antigas, tinha inúmeros recursos para interromper uma gravidez. E, até os primeiros anos de vida, uma criança depende totalmente de sua mãe; se faltarem seus cuidados a criança não vinga. Em síntese, todo ser humano deve  a vida a uma mulher. Se todas as mulheres juntas decidissem não mais engravidar, a humanidade estaria fadada a desaparecer. Esse é o poder de Iyá Mi: mostrar que todas as mulheres juntas decidem sobre o destino dos homens.
Iyá Mi é a sacralização da figura materna, por isso seu culto é  envolvido por tantos tabus. Seu grande poder se deve ao fato de guardar o segredo da criação. Tudo que é redondo remete ao ventre, e, por conseqüência, as Iyá Mi. O poder das grandes mães é expresso entre os orixás por Òsún, Iyámònjá, Nanà Buruyku e Ìyansàn, mas o poder de Iyá Mi é manifesto em toda mulher, não por acaso. 
Para referir-se à elas sem correr nenhum risco, diga apenas Eleyé, Dona do Pássaro. 
As Yiá Mi são as senhoras da vida, mas o corolário fundamental da vida é a morte. Quando devidamente cultuadas, manifestam-se apenas em seu aspecto benfazejo, são o grande ventre que povoa o mundo. Não podem, porém, ser esquecidas; pois assim como o òrisá possuem  o lado òsí e òtun.
O lado bom de Iyá Mi é expresso em divindades de grande fundamento, como Apaoká, a dona da jaqueira, a verdadeira mãe de Oxóssi Dizem que o deus caçador encontrou mel aos pés da jaqueira e em torno  dessa árvore formou-se a cidade de Kêtu.

Elas são a  nítida representação do ventre. 
As Iyá Mi, juntamente com Exú e os ancestrais, são evocadas nos ritos de Ipadé, um complexo ritual que , entre outras coisas, ratifica a grande realidade do poder feminino na hierarquia do Candomblé, denotando que as grandes mães  detém os segredos do culto, pois um dia, quando deixarem a vida, integrarão o corpo das Iyá Mi, que são, na verdade, as mulheres ancestrais.

Postado por.: Ìyá Òmí N'fá

7 comentários:

  1. texto didático e espetacular parabéns.

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    1. Boa noite Ícaro, é sempre um grande prazer representar o òrisá, sou muito grata por seus comentários e peço que você continue nos acompanhando, pois estaremos sempre procurando colocar postagens para o interesse e esclarecimentos.
      Grata por sua participação.

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    1. Boa noite, agradeço imensamente por você ter nos visitado, peço que continue...

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    1. Grata por sua colaboração, continue nos visitando e postando seus comentários.

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